Reco-Reco Chico Disse: Uma História do Negro no Brasil

quarta-feira, 26 de março de 2014 0 comentários

 
Este é um resumo do 4° trabalho de Prática de minha equipe do curso Licenciatura em História, do Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI.
 
O seu tema é situado nas esferas de estudos sobre “História do Brasil Colonial” e o seu título é: RECO-RECO CHICO DISSE: UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL.
Equipe: Valdemar, Viviane e Paulo.
 
Boa leitura!
 
 

Sou filho da África, dos olhos de pérolas, do sorriso de marfim

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1500

Tudo começa em 1530.

Chegam ao Brasil os primeiros escravos africanos. Vendidos em escala crescente por traficantes portugueses, eles tornam-se a grande massa trabalhadora na economia colonial.

Cada senhor de engenho poderia importar até 120 escravos.

1600

Os escravos nunca perderam sua humanidade: eles amaram, constituíram famílias, valorizaram seus laços de parentesco e amizade, cultuaram seus deuses, buscaram melhores condições de vida e jamais se conformaram com a escravidão. Assim começaram as fugas e muitos fugitivos se refugiavam em locais distantes e isolados, formando comunidades que ficaram conhecidas por quilombos.

O mais emblemático dos deles foi o quilombo de Palmares (região entre os estados de Alagoas e Pernambuco) que em 1694 é invadido e destruído. Acredita-se que chegou a abrigar 30.000 pessoas. Seu líder, Zumbi, foge, mas é capturado e decapitado no ano seguinte, em 20 de novembro.

1800

Em 1808 a esquadra inglesa escolta Dom João VI até o Brasil e pede em troca a assinatura de um tratado que restringisse o tráfico de escravos. A Inglaterra havia declarado ilegal o tráfico de escravos em 1772, por isso o seu açúcar produzido nas Antilhas tinha um custo maior que o do brasileiro.

O verdadeiro objetivo dos ingleses era impedir que o açúcar produzido no Brasil com mão de obra escrava, fosse mais barato. O príncipe regente Dom João VI se compromete a estabelecer a abolição gradual.

Em 1823 José Bonifácio apresenta uma representação à Assembleia Legislativa e Constituinte do Império propondo a extinção gradual da escravidão. Continua a pressão da Inglaterra e a Lei Feijó, que proíbe o tráfico negreiro, é aprovada, mas descumprida.

Entre 1833 e 1838 acontecem 3 revoltas de escravos, tendo grande impacto na classe senhorial e sendo elemento definidor na aceitação do fim do tráfico pelos senhores (Revolta da Carranca em Minas Gerais, da Balaiada, no Maranhão e o mais importante, a revolta dos Malês).

Em 1850, a Lei Eusébio de Queiroz reforça a proibição. Essa lei proibiu o desembarque de negros africanos nos portos brasileiros. Os últimos 200 escravos trazidos para o país desembarcaram em Pernambuco, em 1855.

Em 1871 é aprovada a Lei do Ventre Livre, que estabelece que filhos de escravas nascidos a partir daquela data seriam considerados livres a partir dos 8 anos. No entanto isso pouco ajuda, pois os donos do escravos podiam dispor do trabalho dos “nascidos livres” até os 21 anos ou receber títulos do governo quando a criança completasse oito anos.



Em 1880 o deputado Joaquim Nabuco apresenta projeto de lei propondo a abolição da escravidão. No mesmo ano, é criado no Rio o jornal “O Abolicionista”. Estouram revoltas de escravos por todo o país, e suas fugas são intensificadas.

Em 1885 É aprovada a Lei dos Sexagenários, que, libertava os escravos com mais de 65 anos. Essa lei também não ajudou quase nada, pois poucos escravos conseguiam viver mais de 40 anos devido as condições de vida que levavam.

Finalmente, em 1888, após aprovação pelo Parlamento, a princesa Isabel assina a Lei Áurea.  Para os escravos, o primeiro dia de liberdade foi também o primeiro dia sem emprego. Por isso, muitos continuaram a se submeter às péssimas condições de trabalho para sobreviver.



Em 1890 o Ministro da Fazenda Rui Barbosa manda queimar todos os registros sobre a escravidão no Brasil.

Sou filho da África, dos sons dos atabaques em noite de luar

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Influências Culturais

A influência africana no processo de formação da cultura afro-brasileira começou a partir do tráfico negreiro. O escravo africano foi um elemento de suma importância no campo econômico do período colonial, foram considerados mãos e pés dos senhores do engenho. Contudo, a contribuição africana nesse período foi muito além do campo, pois esses mesmos escravos souberam reviver suas culturas de origem, e recriar novas práticas culturais com o contato com outras culturas. Nos dias de hoje, podemos ver a forte influência dessa cultura em todos os cantos do país. Seja na dança, na arte, na luta, na culinária e religião.

O Samba - representa a própria identidade musical brasileira. De nítida influência africana, o samba nasceu nas casas de baianas que emigraram para o Rio de Janeiro no princípio do século.

A Capoeira - é uma dança de luta, ritualizada e estilizada, tem sua própria música, e é praticada principalmente na cidade de Salvador, estado da Bahia. Pelos escravos era usada para mascarar o treino de lutas.



Candomblé - é um culto africano introduzido no Brasil pelos escravos. As cerimônias religiosas do Candomblé, são realizadas de um modo geral em terreiros, que são locais especialmente destinados para esse fim. As cerimônias são dirigidas pela mãe-de-santo, ou pai-de-santo. Cada orixá tem uma aparência especial e determinadas preferências.

Pratos - No Nordeste a marca africana é profunda, sobretudo na Bahia, em pratos como vatapá, caruru, efó, acarajé e bobó, com largo uso de azeite-de-dendê, leite de coco e pimenta. São ainda dessa região a carne-de-sol, o feijão-de-corda, as frigideiras de peixe e a carne-seca com abóbora, sempre acompanhados de muita farinha de mandioca. A feijoada carioca, de origem negra, é o mais tipicamente brasileiro dos pratos.

Sou filho da África, da roda de capoeira, do jongo ao maculelê

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Cultura Negra em Santa Catarina

Os imigrantes europeus receberam terras agricultáveis para iniciarem uma vida nova no Brasil. Os escravos de origem africana, entretanto, foram libertados em 1888, sem qualquer assistência oficial para iniciarem suas novas vidas. Isso foi um problema social na época, com reflexos nos dias de hoje.
Segundo o Censo de 2010, Santa Catarina é o estado Brasileiro com o maior número de pessoas que se declaram brancas (84%). Nem sempre foi assim, registros históricos indicam que, no século 19, alguns municípios catarinenses tinham uma população de escravos negros superior a 20%.

Os negros participaram da formação do povo catarinense desde os primeiros povoados. No século 18, vieram principalmente com os colonos de São Vicente e das ilhas portuguesas de Açores e Madeira.

João da Cruz e Sousa (1861-1898)

Foi um dos mais importantes poetas catarinenses. Nascido em Desterro, atual Florianópolis, filho de um casal de escravos, tornou-se um pioneiro do Simbolismo no Brasil. Educado por seus senhores, morreu aos 36 anos, deixando uma grande obra.

Comunidade quilombola Invernada dos Negros

Localizada nos municípios catarinenses de Abdon Batista e Campos Novos, onde vivem cerca de 80 famílias. A comunidade foi iniciada em 1877.  Estima-se que mais de mil famílias de negros viviam no local, há cem anos atrás, mas foram expulsos, em sua maioria, por grileiros.

Os negros catarinenses contribuíram, desde o princípio, para a evolução econômica da região, como tropeiros, vaqueiros, mineiros, trabalharam na lavoura, na pesca da baleia, na construção de estradas de ferro e em afazeres domésticos.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito em Florianópolis

Fundada em cerca de 1750 pela Irmandade Beneficente N. S. do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, formada por escravos e negros livres. Esse templo barroco foi construído de 1787 a 1830. É a segunda igreja mais antiga da capital catarinense. Em meados do século 19, essa Irmandade mantinha um curso de alfabetização para escravos.

Natal dos Pretos ou Festa Nossa do Rosário

No início da década de 1980 conheci a festa que "nasceu'' dos escravos – homens empregados na armação de caça à baleia que fora instalada por volta de 1778 em Itapocorói, bairro que acabou conhecido como Armação de Itapocorói.

Cultuando suas origens, os escravos congregavam-se em torno da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, santa lembrada dia 7 de outubro no calendário da Igreja Católica. Porém os escravos transferiram tal comemoração para o dia 26 de dezembro – única folga que eles ganhavam de seus 'senhores'. Assim eles aproveitavam o dia 25 de dezembro, Natal, como data importante para o início da festa, daí a origem do nome Natal dos Pretos.

Uma Santa Missa na Igreja Matriz era o primeiro momento do encontro, embora ficasse conhecida como Derradeira Noite, com a entrega das coroas do Rei e da Rainha do Rosário. Feitas em cobre, eram levadas até a Casa do Descanso, residência na qual havia uma mesa com toalha e flores preparada para recebê-las, permanecendo ali até a manhã seguinte. Dependendo do local de residência do Rei, a casa poderia ser próxima à dele ou à igreja, como aconteceu por muitos anos, sendo utilizada a residência do senhor Evilásio Adriano, no centro de Penha, onde as coroas descansavam até a manhã seguinte.

No segundo dia dos festejos o grupo de dançantes/cantantes (o mesmo que acompanhava as cerimônias da Festa do Divino em Penha), seguiam os reis, ao som da dança folclórica Moçambique até à Casa de Descanso para apanhar as coroas. O percurso de volta à igreja era marcado pelo acompanhamento dos 'empregados de vela', pessoas amigas dos reis que as seguravam acessas e usavam faixa de cetim azul claro. O cortejo oficial, com outros súditos que se faziam presentes, como os Pajens do Rei e da Rainha, que os precediam levando as coroas em almofadas, o Juiz e a Juíza do Mastro (o mastro, anunciando a festa, já havia sido erguido na praça próxima à igreja uns dias antes e cabia aos juízes zelarem por ele), membros da Irmandade do Rosário, vestindo suas opas – capa branca com sobrepeliz azul, e o porta estandarte, que segurava um, com a imagem de Nossa Senhora do Rosário estampada, ganhava a rua do centro de Penha, principalmente ao redor da Igreja Matriz, rezando, cantando e homenageando Nossa Senhora do Rosário.

A coroação durante a Missa do dia 26/12, o almoço oferecido logo após, a procissão da tarde com o encontro dos familiares foram momentos sempre especiais os quais assisti em dez anos de minhas temporadas de verão na localidade.

O Natal dos Pretos foi muito significativo, como rito de passagem num sonho: ser Rei ou Rainha do Rosário. Mesmo que de curta duração, pois o reinado oficial começava na Missa da coroação, às 10 horas da manhã e terminava às 17 horas do mesmo dia, com a indicação de novos Reis do Rosário. Mas de indelével lembrança para quantos participaram dele.

Se a Coroa revelava um código de ascensão ao poder, representando, dentro do ciclo natalino a dramatização de um grupo, as respostas e as relações deste mesmo grupo com o mundo real e o da festa, se formos comparar a rotina diária com o ritual de dois dias, vivendo o sonho de ser Rei ou Rainha do Rosário, representavam valores simbólicos importantes, pois de operário/pescador/funcionário público o homem comum passava a ser Rei.

A festa continua a ser editada em algumas cidades de Santa Catarina, especialmente na Igreja de Santo Antônio, Balneário Piçarras -SC

Sou filho da África, sou da raça que irradia perfume de alegria

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