Cronologia do Golpe
Dia 30 de março de 1964
Rio de Janeiro, 22h: João Goulart deixa o Palácio Laranjeiras em direção ao Automóvel Clube, onde faz um discurso para suboficiais e sargentos. O presidente fala da necessidade de reformas de base (sobretudo agrária, tributária e eleitoral), tema que já havia abordado no comício da Central do Brasil, no dia 13 de março. O auditório está lotado de militares pró-Jango.
31 de março de 1964
Juiz de Fora (MG), 5h: Reagindo aos recentes discursos de João Goulart, o general Olympio Mourão Filho mobiliza as tropas mineiras e aciona conspiradores nos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. Mourão coloca suas tropas na estrada em direção ao antigo Estado da Guanabara, onde estava o presidente Jango.
Manhã, Rio de Janeiro: O chefe do gabinete militar da Presidência, general Assis Brasil, deixa de sobreaviso o "dispositivo", grupo de militares encarregado de combater os oposicionistas. Jango permanece no Palácio Laranjeiras, descrente do poder militar do golpe. Para conter as tropas de Mourão, o Exército no Rio de Janeiro organiza dois pelotões em direção a Juiz de Fora (MG). Um deles sai do Rio, e o outro, de Petrópolis (RJ).
13h50, Washington/EUA: A Operação Brother Sam, orquestrada pela Marinha americana, prevê que uma esquadra siga até imediações de Santos (SP) para dar apoio aos militares. As embarcações trazem seis destroieres com 110 ton. de munição, um porta-aviões, um porta-helicópteros e quatro petroleiros com 553 mil barris de combustível.
15h30, Rio de Janeiro (Ministério da Guerra): Um pelotão de subtenentes golpistas toma o controle de metade do prédio do Ministério da Guerra a fim de proteger o chefe do Estado-Maior do Exército, Castello Branco. A outra metade do prédio permanece ocupada por militares governistas.
Final da tarde, Simão Pereira (MG): O pelotão mais avançado do general Mourão, comandado pelo general Carlos Alberto Muricy, chega à divisa dos Estados de Minas e Rio de Janeiro, próximo à fluminense Três Rios.
22h, São Paulo e Rio de Janeiro: Atento às movimentações em Minas, o general das tropas paulistas do Exército, Amaury Kruel, liga para Jango pedindo que ele demita seus ministros de esquerda. Jango se recusa. Enquanto isso, próximas a Três Rios, tropas cariocas que enfrentariam Mourão decidem aderir ao golpe.
1° de Abril de 1964
12h15, Rio de Janeiro: Jango deixa o Rio e voa para Brasília, aconselhado pelo comandante do Exército no Rio. “Vamos, vou sair daqui. Isto aqui está se transformando numa ratoeira”. Antes de embarcar, Jango recebe a visita do ex-ministro das Relações Exteriores San Tiago Dantas, que lhe diz que os EUA dariam apoio ao golpe militar.
12h15, Rio de Janeiro: Oficiais golpistas ocupam o Forte de Copacabana. No terreno ao lado, sem mesmo uma cerca que os separe, está o QG da Artilharia da Costa, dominado por governistas. Apesar da tensão, não há confronto.
16h, Palácio das Princesas (Recife): Em Pernambuco, o Exército cerca o Palácio das Princesas, sede do governo do Estado. O governador Miguel Arraes é preso. Naquela mesma noite a Assembleia do Estado aprovaria o impeachment do governador.
16h, Rio de Janeiro: Cinco tanques M-41 que defendiam o palácio do governo federal deixam o posto, atravessam as ruas da cidade e passam a defender a sede do governo da Guanabara, onde reside o governador Carlos Lacerda --forte opositor de Jango e favorável às movimentações militares.
22h30, Brasília: Ao perceber que Brasília também aderira ao golpe, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, preparava a associação do Congresso à rebelião, Jango abandona a Granja do Torto num avião da FAB, em direção a Porto Alegre.
2 de Abril de 1964
0h, Brasília: Para institucionalizar o golpe, Moura Andrade convoca sessão extraordinária do Congresso. Darcy Ribeiro, chefe do gabinete civil, encaminha a notificação de que Jango não abandonou o país e, portanto, não deixara o cargo. Andrade ignora a informação e declara vaga a Presidência da República.
3h, Brasília: Ranieri Mazzilli, Moura Andrade e o presidente do STF, Ribeiro Costa, seguem para o Palácio do Planalto. Dezenas de parlamentares entram no palácio sem resistência dos seguranças, que não sabem o que está acontecendo. No terceiro andar, no gabinete da Presidência, Mazzilli é empossado presidente.
3h45, Porto Alegre: O avião presidencial pousa no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde Jango se encontra com Leonel Brizola, então deputado federal. Já no início da manhã, o presidente é informado de que tropas de Curitiba estão marchando em direção ao Rio Grande do Sul e que ele tem duas horas para deixar o país.
11h45, São Borja (RS): Por segurança, Jango, a família e Assis Brasil seguem para um rancho situado na costa do rio Uruguai, no meio do mato. Em uma casa rústica, o próprio Jango prepara um ensopadinho de charque com mandioca. O presidente e Assis Brasil vagam pelas imediações de São Borja. No dia 4 de abril, partem para o Uruguai.
11 de Abril de 1964
Brasília: O general Humberto de Alencar Castello Branco é nomeado presidente da República pelo Congresso Nacional. Promete entregar o cargo no início de 1966 a um sucessor legitimamente eleito pelo povo. A próxima eleição presidencial com voto popular só ocorreria em 1989.
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