A Grande História (Estágio 4° sem.)

segunda-feira, 16 de junho de 2014 0 comentários



Introdução

“A Grande História” é uma nova corrente historiográfica que trata da história humana abrangendo todo o passado conhecido, do começo do universo até o presente, lidando com as origens do universo e o surgimento e desenvolvimento da vida como parte de mudanças geológicas e climatológicas, apresentando um panorama da história humana situada neste grande contexto.

A presente publicação neste blog pretende mostrar um pequeno resumo de meu trabalho de Estágio do 4° semestre.

O Universo

Há 13,7 bilhões de anos atrás não existia nada. Nem mesmo tempo ou espaço. Então, de repente, o Big Bang acontece. Um universo aparece do nada, pequeno, do tamanho de um átomo e inacreditavelmente quente. Como ele contém tudo o que existe no universo hoje, ele se expande a uma incrível velocidade. Em seu primeiro segundo, sua energia separa-se em forças distintas, incluindo o eletromagnetismo e a gravidade. Esta energia se solidifica e forma a matéria, quarks que criarão os prótons e léptons que incluem os elétrons. Então se passam 380.000 anos. Átomos simples aparecem do hidrogênio e hélio.

Neste momento do tempo, o universo é formado por enormes nuvens deles, sem qualquer estrutura. No entanto, a gravidade é mais poderosa onde existem maior quantidade de coisas. Assim, onde existiam áreas mais densas de nuvens, a gravidade começa a compactá-las, tornando-se mais poderosa à medida que esta densidade aumenta. Com este aumento, a temperatura começa a subir no centro de cada nuvem, até chegar a 10 milhões de graus e os prótons começam a se fundir, liberando uma massiva quantidade de energia: surgem as primeiras estrelas.

Cerca de 200 milhões de anos depois do Big Bang, as estrelas começam a aparecer por todo o universo. Estas estrelas, ao morrerem, criam novos tipos de átomos, formando todo o tipo de combinações exóticas. Com isso, novos elementos químicos são criados, formando nossa tabela periódica. Do nada, passamos a ter um universo quimicamente mais complexo e como a energia da estrela os move ao redor eles formam partículas, pequenos grãos de poeira, asteroides, por fim, planetas e luas. Através das reações entre estes elementos, nosso sistema solar é formado há 4,5 bilhões de anos atrás.



A Vida na Terra

As condições para a vida são as seguintes: a correta quantidade de energia (no centro de uma estrela há energia demais e os átomos que se combinam são separados novamente; no espaço galáctico há pouca energia e os átomos não conseguem se combinar; nos planetas existe a quantidade certa); diversidade de elementos químicos; e líquidos (nos gases, os átomos passam uns pelos outros tão rapidamente que não conseguem se unir; nos sólidos os átomos estão tão juntos que não conseguem se movimentar; nos líquidos eles podem se unir e viajar livremente, ligando-se para formarem moléculas).

Esta condição, denominada pela ciência de Condição Cachinhos Dourados, é o que nos permitiu a vida, pois planetas como a nossa Terra, possuíam estas condições. Ela estava na distância certa de sua estrela para conter enormes oceanos de água livre. Planetas rochosos como a Terra são significantemente mais complexos do que uma estrela, pois possuem uma alta diversidade de materiais. Junto as fendas oceânicas da crosta terrestre, havia calor jorrando do interior da terra e uma grande diversidade de elementos.

Uma fantástica química começou a ocorrer, com os átomos se combinando em exóticos arranjos. No entanto, a vida é mais do que um exótico arranjo. Como estabilizar essas moléculas que parecem ser tão viáveis? Bom, na verdade não se estabiliza o indivíduo, mas sim o molde, a coisa que carrega a informação, permitindo que o molde copie a si mesmo. A isto chamamos DNA, a bela molécula com sua dupla hélice onde cada degrau contém informações sobre como fazer organismos vivos. E estes organismos vivos são gerados pela química e assim a vida na terra surge de uma complexa combinação de moléculas. Na verdade, somos como um grande pacote de produtos químicos. Tal química é governada pela força eletromagnética, que opera em escalas menores do que a gravidade, por isso somos menores do que uma estrela.

O DNA também copia a si mesmo, espalhando os moldes pelo oceano e a informação se propaga. Mas a real beleza do DNA está em suas imperfeições. A medida que ele se copia, uma vez a cada bilhão de degraus, tende a ocorrer um erro. E isto quer dizer que, de fato, aquele DNA está aprendendo. Ele está acumulando novas formas de fazer organismos vivos, pois alguns daqueles erros funcionam. E isto veio acontecendo ao longo dos últimos 4 bilhões de anos. Durante a maior parte do tempo de vida na Terra, os organismos vivos eram relativamente simples, eram células isoladas, mas em seus interiores possuíam grande complexidade. Depois, a partir de 600 a 800 milhões de anos atrás, organismos multicelulares apareceram, como fungos, peixes, plantas, anfíbios, répteis e então, os dinossauros.

Ocasionalmente acontecem desastres. Há 65 milhões de anos, um asteroide caiu na Terra, perto da península de Yucatán, México, criando condições semelhantes a uma guerra nuclear. Com isso, os dinossauros foram exterminados. Mas foi uma condição favorável aos mamíferos, que puderam florescer nos nichos vazios deixados pelos dinossauros.



O Início da História Humana

E os humanos aparecem por volta de 200.000 anos atrás. Vimos anteriormente que o DNA aprende, num certo sentido, ele acumula informação. Mas este aprendizado acontece de forma muito lenta. Ele acumula informação através de erros aleatórios, alguns dos quais, acaba dando certo. E numa destas situações, o DNA acabou por gerar um modo mais rápido de aprender: ele produziu organismos vivos com cérebros, e estes organismos passam a aprender em tempo real. Eles acumulam informação, eles aprendem.

O problema é que, quando eles morrem, a informação morre com eles. Mas o que fez os seres humanos diferentes foi a linguagem humana. Desenvolvemos uma sistema de linguagem tão poderoso e preciso, que podemos compartilhar aquilo que aprendemos com tamanha precisão, que isto pode ser acumulado na memória coletiva. Isso significa que a informação pode perdurar além dos indivíduos que a aprenderam, podendo acumular-se de geração em geração. E é por isso que como espécies, somos tão criativos e tão poderosos, e é por isso que temos uma história. Nos evoluímos como espécie através das savanas da África e migramos para terras desertas, para florestas, para a tundra glacial da Sibéria, para as Américas, para a Austrália.

Cada uma delas envolveu uma nova aprendizagem, novas maneiras de explorar o ambiente, de lidar com os problemas, de desenvolver a criatividade. Há 10.000 anos, explorando uma súbita mudança climática global, com o fim da última era glacial, os humanos aprenderam a cultivar. Com isso, as populações humanas se multiplicaram. As sociedades humanas tornaram-se maiores, mais densas, mais interligadas. E então, desde cerca de 500 anos, começam a unir-se globalmente através de navios, trens, telégrafos, internet e até hoje, este cérebro está aprendendo a velocidades vertiginosas.





O Futuro

O aprendizado coletivo é uma força muito vertiginosa e não está claro que nós o tenhamos sob controle. Em menos de 100 anos, fomos vítimas de duas guerras em nível mundial, além de crises que quase levaram a uma terceira guerra, como por exemplo, a crise dos mísseis em Cuba. Estas mesmas armas continuam aqui.
Além do que, estamos exaurindo os recursos naturais de nosso planeta e parecemos estar minando a Condição Cachinhos Dourados, que possibilitou a raça humana florescer nos últimos 10.000 anos. O que a grande história pode fazer é mostrar-nos a natureza de nossa complexidade e fragilidade e os perigos que nos afrontam, mas ela pode nos mostrar também nosso poder com o aprendizado coletivo.
Bibliografia

A GRANDE História. Direção de Gabriel Rotello. EUA: A&M Television Networks, 2013.

BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo. São Paulo: Fundamento, 2012.

BROWN, Cynthia Stokes. A grande história: do Big Bang aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

CHRISTIAN, David. Maps of time: an Introduction to Big History. Berkeley: University of California Press, 2005.

________. The history of our world in 18 minutes. Palestra proferida na TED - Technology, Entertainment, Design, Long Beach, Estados Unidos, mar. 2011.

HAWKING, Stephen W. Uma breve história do tempo. Lisboa: Gradiva, 1994.

HUMANIDADE, A história de todos nós. Dirigido por Nick Brown. EUA: A&M Television Networks, 2012.

REICHERT, Emannuel H. Começando a história pelo início: possibilidades e desafios da grande história. Revista Semina, Londrina, v. 11, n. 01, p. 1-8, 22 mai. 2012.

 
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